A digitalização do acervo do projeto “Arquivo Deraldo Portela: Filarmônica e Ferrovia” possibilitará a qualquer uma banda atual acessar a memória de bandas de música entre 1910 e 1970, com contribuições das filarmônicas Euterpe Alagoinhense, Recreio Operário de Aramari, Filarmônica São Braz de Plataforma, Sociedade Muzical 5 Rios de Maracangalha e outras. Os arquivos digitalizados possibilitarão também a contemplação da aparência dos originais proporcionando a possibilidade de acesso a aspectos gráficos e caligráficos, assim como a abertura a outras edições.
Dentro de uma visão mais ampla, o projeto chama a atenção para o universo musical construído pelas bandas de música e seu caráter sempre original, mesmo quando transpõe, a mão, trechos de ópera de Verdi em pleno canavial de massapé. E de como a rede ferroviária, ao longo das estações, não semeava somente mercadorias e gentes, mas também muita música de qualidade lida em partituras onde estão todos os elementos cognitivos das músicas europeias, entretanto realizadas aqui mesmo, por mestres de música visitantes ou funcionários da Rede Ferroviária.
Acervo precioso
Nesse grande acervo há partituras com as caligrafias originais de Abelardo Enéas Campos, José Propheta Silveira, o Zeca Laranjeiras e Isaias Gonçalves Amy, funcionários da Ferrovia Leste Brasileiro, que semeavam a música cultivada em partituras ao criar ou lecionar em históricas filarmônicas ao longo dos trilhos: Filarmônica XV de Outubro de Queimadas, ainda ativa com 133 anos de fundada, a extinta Sociedade Muzical 5 Rios de Maracangalha, a Euterpe Alagoinhense e a Lira Ceciliana, de Alagoinhas e a Filarmônica São Braz de Plataforma, em Salvador.
E ainda, no notável movimento de intercâmbio de partituras manuscritas, vemos no Arquivo Deraldo Portela uma quantidade significativa de músicas originais de Estevam Moura, Heráclio Guerreiro, Amando Nobre, Tertuliano Santos e outros que eram considerados os grandes do seu tempo.